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Bombas detonadas diante do STF: Homem morre

Publicado dia 14/11/2024 às 10h07min
Duas explosões com intervalo de 20 segundos

Homem morre ao detonar explosivos diante do STF

Duas explosões, com intervalo de cerca de 20 segundos, e uma pessoa morta. Tudo isso ocorreu por volta das 19h30 de ontem na região da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Primeiro, um carro com placa de Santa Catarina explodiu no estacionamento entre o Supremo Tribunal Federal e o Anexo 4 da Câmara dos Deputados. No porta-malas, havia fogos de artifício e tijolos. Em seguida, o dono do automóvel morreu em outra explosão em frente ao STF. Segundo as polícias de Santa Catarina e do Distrito Federal, o homem morto é Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, que se candidatou a vereador em 2020 em Rio do Sul (SC) pelo PL – com 98 votos, não foi eleito. Antes da explosão, ele tentou entrar no prédio. Em seguida, jogou um explosivo sob a marquise do edifício, mostrou que tinha artefatos presos ao corpo a um vigilante, deitou-se no chão e, segundo uma testemunha, detonou um segundo explosivo que levava em uma mochila. As duas áreas foram isoladas e o esquadrão antibombas fez uma varredura. A PF abriu inquérito para apurar as duas explosões e o caso deve ser encaminhado a Alexandre de Moraes, relator de temas semelhantes, como os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. 

Horas antes, Francisco Wanderley Luiz postou nas redes sociais ataques ao STF, ao presidente Lula e aos chefes das duas Casas do Congresso e circulou pelo Congresso. Ele chegou a visitar o plenário da Corte no dia 24 de agosto e publicou uma foto no local. Na publicação, ele falou em bombas na casa de lideranças políticas e do jornalista William Bonner: “Cuidado ao abrir gavetas, armário, estantes, depósito de materiais etc. Início 17h48 horas do dia 13/11/2024… O jogo acaba dia 16/11/2024. Boa sorte!!!”, escreveu, dizendo que a Polícia Federal teria 72 horas para desarmar os artefatos. Ele estava havia quatro meses em Brasília, e a família não sabia sobre seu paradeiro. No Facebook, reproduzia teorias conspiratórias anticomunistas. Apresentou-se nas urnas com o codinome “Tiü França”. 

Wanderley Luiz tinha passagem pela polícia e foi preso em flagrante em dezembro de 2012 por contravenção. Pagou fiança, mas o Ministério Público ofereceu denúncia contra ele um mês depois. Ficou em liberdade até ser decretada sua prisão-albergue, modalidade em que o preso pode trabalhar durante o dia, mas deve retornar ao centro penal à noite. A condenação foi revogada em agosto de 2014, quando o processo foi transitado em julgado e a pena, extinta. 

De madrugada, as polícias Federal e Militar foram à casa do homem, em um conjunto de apartamentos conjugados em Ceilândia, região administrativa de Brasília. Agentes fizeram buscas com cães farejadores e encontraram artefatos suspeitos, detonados no local por policiais do Grupo Especializado em Bombas e Explosivos, da Polícia Federal. 

O presidente Lula não estava mais no Palácio do Planalto no momento dos incidentes e recebia os ministros do STF Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Gilmar Mendes, além do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues. Devido às explosões, as Forças Armadas foram acionadas para reforçar a segurança. Já as atividades na Câmara e no Senado, que estavam em sessão no plenário, foram suspensas até o meio-dia de hoje. A sessão do STF já tinha terminado no momento dos incidentes, e ministros e servidores foram retirados em segurança. 

Na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que presidia a sessão, tentou manter os trabalhos apesar das explosões e só os interrompeu após protesto de deputados do PSOL. Um dos líderes da bancada evangélica, ele queria votar em primeiro turno a PEC que amplia a isenção fiscal de igrejas. 

As explosões devem exigir medidas adicionais de segurança durante a Cúpula de Líderes do G-20, que acontece na segunda e terça-feira no Rio de Janeiro. Tratado como um ataque com motivação política, o episódio preocupou integrantes do Itamaraty diretamente envolvidos no evento. Cinquenta e cinco delegações estrangeiras chegarão ao país, a maior parte representada por chefes de Estado e de governo das 20 maiores economias do mundo. 

Parlamentares bolsonaristas já calculam o efeito colateral do episódio sobre o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Para integrantes do PL, as explosões enfraquecem a possibilidade de aprovação da anistia. A leitura, conta Bela Megale, é que o ato contra o STF em si já prejudica o projeto. Outro agravante é que o homem que causou as explosões era filiado ao partido. 

 

Fonte: Cara da WEB via G1/Meio/Estadão/Uol/CNN Brasil/Folha/Globo

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