Mundo
Segunda sangrenta: Bolsa de Tóquio sobe mais de 10%
O mercado brasileiro terminou o dia com perdas mais suaves que as esperadas
Após um dia de desastre nos mercados mundiais, apelidado de “segunda-feira sangrenta”, a maré virou na Ásia, onde o pânico havia se iniciado pela combinação da valorização do iene devido à alta dos juros no Japão, queda nas ações de tecnologia e temor de uma recessão nos Estados Unidos. Na Bolsa de Tóquio, que na véspera teve a queda histórica de 12,4%, o circuit breaker, que interrompe temporariamente os negócios, foi acionado nesta terça-feira pelo segundo dia consecutivo, desta vez para conter a alta desenfreada. Ainda assim, o índice Nikkei 225 fechou com valorização de 10,24%, mas nem todos os mercados seguiram no mesmo ritmo. Em Seul, o KOSPI subiu 3,30%, e o CSI 1000, de Pequim, encerrou com alta de 1,52%. O Hang Seng, de Hong Kong, na contramão, recuou 0,31%. Já a Europa abriu ressabiada. O CAC 40, de Paris, opera em baixa de 0,62%. Dax, de Frankfurt, recua 0,18%, e o FTSE 100, de Londres, tem desvalorização de 0,33%.
O mercado brasileiro terminou o dia com perdas mais suaves que as esperadas. O Ibovespa encerrou com recuo de 0,46%, aos 125.269,54 pontos, bem menos do que as Bolsas americanas, com Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq em baixa de, respectivamente, 2,60%, 3% e 3,43%. O melhor desempenho do Ibovespa frente aos índices americanos se deve ao fato de o referencial brasileiro já estar em um patamar mais baixo, segundo analistas. Já o dólar, que chegou a R$ 5,86 na máxima do dia, perdeu força frente ao real em meio ao enfraquecimento da moeda americana ante outras divisas emergentes e a dados positivos do setor de serviços nos Estados Unidos, que diminuíram a preocupação de agentes de mercado com uma possível recessão no país. Ainda assim, ao subir 0,56%, a R$ 5,741, o dólar atingiu a maior cotação desde 20 dezembro de 2021 (R$ 5,745).
Wall Street ainda tenta descobrir o que significa o colapso histórico em uma economia tão grande e importante quanto a do Japão e quem está exposto a ele, explica Callie Cox, estrategista-chefe de mercado da Ritholtz Wealth Management. “O contágio é a maior preocupação neste momento, e os investidores já estão nervosos após o relatório de emprego de sexta-feira, já se questionando sobre a economia e o que está acontecendo sob a superfície.”
E as ações de Alphabet, Amazon, Meta, Microsoft e Tesla, bem como da Apple e Nvidia, caíram até 6%. Com isso o grupo conhecido como “Sete Magníficas” perdeu quase US$ 650 bilhões em valor de mercado combinado.
Paul Krugman: “Os EUA provavelmente ainda não entraram em recessão. Mas a economia parece definitivamente pré-recessiva. Os tomadores de decisão – o que neste momento significa basicamente o Federal Reserve – precisam agir rapidamente para evitar os riscos de uma grave deterioração econômica. Já está claro que o Fed cometeu um erro ao não cortar as taxas na semana passada; na verdade, provavelmente deveria ter começado a cortar meses atrás.”
Adriana Fernandes: “Em um momento de piora substancial do cenário externo, o governo brasileiro precisa cuidar para reduzir os ruídos. Nesse contexto, além das acertadas decisões sobre juros e fiscal na semana passada, seria salutar que o presidente Lula formalizasse a indicação do próximo presidente do Banco Central.”
