Policial
Deputado preso na Furna da Onça afirma que esquema de indicações vigorava há pelo menos 20 anos
Globo News teve acesso a depoimentos prestados no dia da operação. Dez deputados foram presos.
Deputado preso na Furna da Onça afirma que esquema de indicações vigorava há pelo menos 20 anos
GloboNews teve acesso a depoimentos prestados no dia da operação. Dez deputados foram presos.
O esquema de indicações a cargos no governo do estado exposto na Operação Furna da Onça já durava pelo menos 20 anos. É o que afirma um dos 22 presos pela força-tarefa da Lava Jato no dia 8 de novembro, deputado estadual André Correa (DEM). Ele e outros seis deputados foram presos pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
A GloboNews teve acesso a depoimentos à Polícia Federal prestados no dia da operação. Os presos admitiram que indicaram aliados para cargos estratégicos em diferentes órgãos do governo do RJ.
À PF, André Correa disse que a prática vinha desde que entrou na Alerj, em 1998. Segundo o deputado, os mais votados em cada região indicavam pessoas para exercer funções públicas – não só na esfera estadual, como também na municipal e na federal.
A Furna da Onça descobriu que parte dos cargos era no Detran - mas também havia o pagamento de mensalinhos que chegavam a R$ 400 mil. Correa admitiu que a manobra era para construir maioria parlamentar, ou seja, participação política no governo.
A GloboNews também teve acesso ao depoimento do ex-secretário de governo de Luiz Fernando Pezão, Afonso Monnerat. Ele admitiu saber que deputados estaduais solicitavam indicações de pessoas residentes nas regiões em que foram eleitos.
A Furna da Onça
As investigações apontam que os envolvidos recebiam propinas mensais que variavam de R$ 20 mil a R$ 100 mil - além de cargos - para votar de acordo com o interesse do governo. O esquema teria movimentado pelo menos R$ 54 milhões, segundo a PF.
De acordo com as investigações, a organização criminosa, chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, pagava propina a vários deputados estaduais, a fim de que patrocinassem interesses do grupo criminoso na Alerj.
O mensalinho era resultado de sobrepreço de contratos estaduais e federais. De forma ilícita, os parlamentares eram beneficiados ainda com o loteamento de cargos em diversos órgãos públicos do estado, como o Detran, onde poderiam alocar mão de obra comissionada ou terceirizada.
Procurador-regional da República, Carlos Aguiar explicou que cargos públicos foram dados como moeda de troca - e citou propinolândia na Alerj?.
As investigações demonstraram que esses personagens lotearam o Estado do Rio de Janeiro para viabilizar a execução dos seus interesses políticos. Alerj se tornou propinolândia.
O Detran era manipulado para a realização de atividades de interesse de grupos corruptos. O deputado Paulo Melo era considerado o dono do Detran, disse a delegada Xênia Soares, da PF.