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Mãe Stella será enterrada neste sábado, em Salvador; cortejo fúnebre sai de terreiro...

Publicado dia 29/12/2018 às 09h59min
Ialorixá seria sepultada em Nazaré, no recôncavo baiano, na sexta (28), mas corpo foi levado para Salvador após decisão judicial.

Mãe Stella será enterrada neste sábado (29), em Salvador; cortejo fúnebre sai de terreiro fundado pela ialorixá

Mãe Stella de Oxóssi vai ser enterrada no final da manhã deste sábado (29), em Salvador. A cerimônia está marcada para as 11h (12h de Brasília), no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas. O corpo da ialorixá, que é uma das mais importantes do país, será levado para o cemitério em um cortejo que vai sair, a partir das 9h, do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, que fica no bairro de São Gonçalo do Retiro, também na capital baiana. A distância entre os locais é de cerca de 7,5 km.

 

  • Artistas e autoridades lamentam morte de Mãe Stella

 

A ialorixá seria enterrada na cidade de Nazaré, no recôncavo da Bahia, mas o sepultamento foi transferido para a capital baiana após decisão da Justiça.

A ação judicial foi motivada por um impasse entre a companheira de Mãe Stella, Graziela Dhomini, e filhos de santo do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, fundado pela líder religiosa, e familiares dela.

A decisão da Justiça saiu no início da tarde de sexta-feira (28), durante o velório da ialorixá, realizado na Câmara de Vereadores de Nazaré. A cerimônia era aberta ao público e contava com a participação de filhos de santo, que tiraram o corpo do local após saberem da determinação judicial. No local, o clima ficou tenso.

O corpo de Mãe Stella foi levado do velório direto para Salvador. Ao chegar na capital baiana, foi levado para uma funerária e, em seguida, transferido para o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, no bairro de São Gonçalo do Retiro. No local, filhos de santo participaram de uma cerimônia em homenagem à ialorixá.

 

Mãe Stella morreu aos 93 anos, na quinta-feira (27), no Hospital INCAR, em Santo Antônio de Jesus, também no recôncavo da Bahia, onde estava internada desde o dia 14 de dezembro, quando deu entrada com uma infecção.

Desde 2017, Mãe Stella morava na cidade de Nazaré, que fica a cerca de 210km de Salvador. Ela se mudou de Salvador para lá por conta do desentendimento entre os filhos de santo e a companheira dela, Graziela.

Com a morte da ialorixá, o terreiro Ilê Axé Opó Afonjá ficará fechado por um ano, de luto. Neste período, não haverá cultos nem festividades, segundo o que determina a tradição do candomblé sempre que morre uma ialorixá ou um babalorixá.

Só no fim de 2019 que o terreiro terá nova ialorixá. A substituição será determinada pelos orixás, com jogo de búzios. A liderança é dada a uma mulher porque o Ilê Axé Opó Afonjá é uma casa de tradição feminina.

Considerada uma das maiores ialorixás do país, Mãe Stella nasceu no dia 2 de maio de 1925, em Salvador. Foi a quarta filha de Esmeraldo Antigno dos Santos e Thomázia de Azevedo Santos.

Aos 13 anos de idade, foi levada pela tia, que a criava, para o terreiro de mãe Aninha, a fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá. Um ano depois, foi iniciada no candomblé. Na juventude, sempre gostou de ler. Formou-se enfermeira, profissão que exerceu durante 30 anos. Em 1976, aos 51 anos de idade, foi escolhida pelos orixás para ser a nova líder do terreiro de São Gonçalo do Retiro. Mãe Stella foi a quinta ialorixá a comandar o Ilê Axé Opó Afonjá.

Em 1999, Mãe Stella conseguiu que o terreiro fosse tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Em 2005, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Quatro anos depois, recebeu o mesmo título pela Universidade do Estado da Bahia. Além disso, Mãe Stella foi agraciada com a Comenda Maria Quitéria, da Prefeitura de Salvador, com a Ordem do Cavaleiro, do Governo do Estado, e a Ordem do Mérito, do Ministério da Cultura.

Estudiosa e divulgadora da crença religiosa africana, Mãe Stella foi a primeira ialorixá no Brasil a escrever livros e artigos sobre o candomblé. Em 2013, foi eleita por unanimidade para a Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira de número 33 cujo patrono é o poeta Castro Alves.

A líder religiosa, cultural e social do seu povo sempre condenou o sincretismo religioso. Para a mãe de santo Stella de Oxóssi, candomblé é candomblé, e catolicismo é catolicismo. Não concordava com a fusão entre santos e orixás.

Sempre preocupada em garantir a preservação da cultura negra, Mãe Stella participava de conferências e dava palestras. No Ilê Axé Opô Afonjá, montou o primeiro museu aberto em uma casa de candomblé, onde podem ser vistas as roupas e os objetos usados pelas mães de santo da casa e pelos orixás.

O livro “Mãe Stella de Oxóssi – Estrela nossa, a mais singela!”, obra organizada pelo escritor Marcos Santana, conta a história de vida da ialorixá com poesias, depoimentos, resenhas e análises de algumas de suas produções intelectuais. A obra foi lançada em 2014, no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá.

O livro é uma coletânea que reúne resgate histórico e cultural, com textos de diversos autores, como: Edivaldo Boaventura, Muniz Sodré, Antonio Olinto, Jorge Amado, Fernando Coelho, Padre Arnaldo Lima, Dorival Caymmi, Jorge Portugal, Menininha dos Gantois, Detinha de Xangô, Marcos Santana e da própria Mãe Stella.

Em 2014, ela também foi homenageada da Flica, festa literária que é realizada todos os anos na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Na mesma época, criou a biblioteca itinerante adaptando um ônibus para levar a qualquer lugar livros que abordam curiosidades sobre todas as religiões. Pregava um respeito mútuo e uma convivência pacífica entre todas as crenças para que as pessoas se aproximassem pela fé.

Mais do que uma sacerdotisa de um dos mais importantes terreiros de candomblé do país, Mãe Stella de Oxóssi foi uma militante do resgate cultural de um povo.

Fonte: g1.globo

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