Educação
Estudantes desenvolvem Couro ecológico
Estudantes da Bahia desenvolvem couro ecológico a partir de planta abundante na região.
Três estudantes de uma escola estadual na cidade de Ipupiara, na Bahia, desenvolveram um couro ecológico utilizando uma planta abundante da região em que moram: a Opuntia cochenillifera, conhecida popularmente como palma forrageira. Após a produção do couro, eles também costuraram o tecido e deram origem a novos produtos, como bolsas, estojos e cintos.
Bianca Silva e Milena Santos, de 16 anos, e João Pedro Rosa, de 17 anos, são alunos do 2º ano do Ensino Médio, no Colégio Democrático Estadual Castro Alves, em Ipupiara, município a cerca de 630 km da capital Salvador. O projeto do couro ecológico foi orientado pelos professores Edippo de Souza e Carol Castro, como parte do Programa Ciência na Escola, da Secretaria da Educação.
O couro começou a ser idealizado pelos estudantes no início deste ano e foi apresentado na escola em agosto. Em entrevista ao Terra, os alunos contaram que, durante as pesquisas para definirem o tema do projeto, eles encontraram um couro que também é produzido a partir de uma planta do México, mas que não é sustentável. Foi a partir dessa inspiração que eles decidiram criar o próprio couro vegetal, mas que fosse 100% biodegradável.
"Vimos que a palma poderia ser usada para a fabricação do couro ecológico e pesquisamos outros ingredientes que fossem sustentáveis. Porque o intuito desse projeto é minimizar os impactos ambientais e prevenir a extinção de alguns animais. Além disso, para substituir o couro animal e o sintético", afirma João Pedro à reportagem.
Dificuldades e aprendizados
Criado do zero, o material passou por muitos testes até chegar no resultado final. Segundo os estudantes, aliás, essa fase foi a mais desafiadora do projeto, que levou seis meses para ficar pronto
"A gente queria fazer um produto para representar o couro com a bolsa, o cinto. Então tem que ser um couro bem resistente. Foram muitos testes para dar certo e para ficar sustentável", diz Bianca.
Outra dificuldade enfrentada foi em relação à falta de estrutura na escola para a realização dos testes. Todo o processo, de acordo com a aluna, foi realizado em casa uma vez que o colégio não conta com laboratórios.
"Aqui na escola mesmo a gente teve a orientação do nosso professor. Tanto na escola, pessoalmente, como por mensagens", acrescenta.
Muito felizes com o resultado, os estudantes afirmam que, entre os aprendizados com o projeto, está a importância da sustentabilidade.
"Aprendi mesmo a questão da área sustentável. Também por ser uma planta que tem muito na nossa região. No fundo da minha casa tem palma, na casa da Milena. E também é algo inovador, que ajuda o meio ambiente. E foi uma coisa que a gente criou do zero, a gente aprendeu muita coisa em relação a isso. Foi uma experiência incrível, da gente reconhecer a importância da palma, dos animais", conta Bianca.
Próximos passos
Os estudantes também inscreveram o projeto na Feira de Ciências, Empreendedorismo Social e Inovação da Bahia (Feciba). Eles já foram aprovados na primeira das quatro etapas da feira, que acontece ao longo deste segundo semestre. Além disso, os alunos pensam em levar o projeto adiante, afirma Bianca: "Fizemos o perfil do Instagram, a marca e tudo. A gente já está testando outros produtos para fazer".
Edippo, professor de Química e co-orientador do projeto, rasga elogios para os alunos.
"É um produto inovador, mas a gente não esperava essa repercussão toda. A gente achou que fosse ficar só internamente e ganhar a etapa territorial [da Feira]", admite. "Eu fico feliz e orgulhoso por eles. Porque eles conseguiram fazer esse projeto incrível".