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PM vai ampliar os testes com as câmeras de reconhecimento facial no Rio

O modelo testado em Copacabana durante o carnaval foi avaliado como positivo...

PM vai ampliar os testes com as câmeras de reconhecimento facial no Rio

O modelo testado em Copacabana durante o carnaval foi avaliado como positivo, mas ainda restam dúvidas para a aquisição da tecnologia em definitivo.

A Polícia Militar do Rio de Janeiro vai ampliar a utilização das câmeras com o sistema de reconhecimento facial na capital do Estado. Segundo o Coronel Mauro Fliess, porta-voz da corporação, uma nova fase de testes terá início em breve.

Por conta das negociações em andamento com a empresa responsável pelo sistema, a PM ainda não pode apontar quais bairros serão monitorados e nem por quanto tempo as câmeras vão funcionar.

A nova tecnologia é capaz de identificar foragidos da Justiça e encontrar veículos roubados. No futuro, o sistema poderá até mesmo montar um banco de dados com a identidade biométrica de todos que forem filmados.

"Hoje nós estamos em tratativas com a empresa para estabelecer um novo período de treinamento, sem custos para o Estado. A ideia é estipular um período maior para essa segunda etapa de testes", disse o porta-voz da Polícia Militar.

O Coronel Mauro Fliess acredita que, no médio prazo, o sistema tem tudo para ser aplicado de forma permanente. “Isso sendo adotado em larga escala, com certeza vai contribuir de uma maneira muito firme para a redução da criminalidade”.

Utilizado pela primeira vez durante o carnaval, nos dez primeiros dias de março, o projeto piloto instalou 28 câmeras capazes de identificar todas as pessoas filmadas durante 24 horas, no bairro de Copacabana, na Zona Sul. O programa ajudou na captura de 8 pessoas com mandado de prisão ou apreensão em aberto, além da recuperação de três veículos roubados.

A empresa responsável por ceder as câmeras e montar a estrutura é a operadora de telefonia Oi. Um sistema semelhante já funciona de forma permanente na cidade de Salvador, na Bahia, além de também estar sendo testado em Campinas, no município de São Paulo.

“Nós tivemos resultados bastante interessantes e uma perspectiva bastante boa. O software de reconhecimento facial demonstrou toda sua capacidade de atuação”, disse Fliess.

 

O Governador Wilson Witzel (PSC) é um dos defensores da utilização de novas tecnologias para combater a criminalidade. Ainda durante a campanha para o cargo de chefe do executivo estadual, em outubro de 2018, Witzel já falava em aplicar esse sistema para combater roubos e furtos.

"Nós estamos preparando um programa de segurança pública para atender o comércio. Há muito roubo e furto, não só nas ruas, mas também nas lojas. Vamos trazer um sistema de monitoramento eletrônico e implantar milhares de câmeras no Rio de Janeiro", disse o Governador durante um evento de campanha.

Como funciona a tecnologia

Um computador analisa todas as características do rosto das pessoas filmadas pelas câmeras de segurança â?? Foto: Divulgação Polícia Militar

Um computador analisa todas as características do rosto das pessoas filmadas pelas câmeras de segurança — Foto: Divulgação Polícia Militar

 

Todas as imagens capturadas pelas câmeras serão transmitidas em tempo real para uma sala de monitoramento no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova. O sistema é conectado aos bancos de dados da Polícia Civil e do Detran.

Na prática, um computador analisa todas as características do rosto das pessoas filmadas pelas câmeras de segurança. O software mede a distância entre os olhos, o tamanho do nariz, da boca e do queixo, além de identificar a linha da mandíbula. Todas essas informações viram um algoritmo, um número que se torna a identidade biométrica de cada uma das pessoas que foram fotografadas.

A câmera vai pegar a imagem e vai cruzar com o banco de dados. Se esse cruzamento não deu positivo ou, usando uma linguagem jovem, não deu match, aquilo é ignorado e ele vai passar para outro. O sistema não vai armazenar as informações de todas as pessoas que forem filmadas”, explicou.

Durante o carnaval, oito foragidos foram capturados, sendo cinco mandados de apreensão de adolescentes e três mandados para a prisão de criminosos maiores de idade.

O software de leitura facial instalado nas câmeras trabalha 24 horas por dia. Assim que o sistema identifica um foragido da Justiça, imediatamente um alerta é disparado no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).

No CICC, uma equipe de policiais militares vai confirmar a informação e dar início a operação para a captura do procurado. Os PMs que estiverem mais próximos da pessoa identificada serão alertados e receberão as informações de cada passo dado pelo foragido.

“Após a confirmação do mandado em aberto, a abordagem deve ser feita de forma técnica e com muito respeito ao cidadão. Mesmo sabendo que é um procurado pela Justiça, essa pessoa tem seus direitos e deve ser respeitada", disse o coronel.

Além das prisões e apreensões durante o carnaval, o sistema proporcionou a condução de mais dois suspeitos para a delegacia que estavam com celulares que não os pertenciam - os policiais viram pelas câmeras movimentações que pareciam furtos.

 

Uma outra prisão também só foi possível graças a nova tecnologia. Nesse último caso, uma foto do suspeito foi transmitida pelos policiais que atuavam na rua e o rosto foi reconhecido pelo software de leitura facial.

 

“Quando a gente consegue trazer a tecnologia a gente consegue colocar a corporação no século XXI e assim conseguimos otimizar o emprego do nosso efetivo”, disse Fliess.

 

 

Restam dúvidas para a aquisição da tecnologia em definitivo

 

Apesar da avaliação positiva, ainda existem dúvidas para a aplicação do sistema em grande escala. Entre as incertezas estão o custo para a instalação de novas câmaras; a manutenção dos equipamentos; e possíveis falhas que qualquer aparelho digital pode sofrer.

De acordo com a Polícia Militar, a expectativa é que o sistema seja adotado pelo Estado em larga escala. Contudo, ainda não existem estudos que avaliem qual seria o custo da ampliação do projeto.

"Acabando esse processo de testes a ideia é abrir um processo licitatório para a contratação da empresa responsável pelo serviço. A Oi não será chamada só por ter feito os testes. Até mesmo nesse momento de testes, toda a documentação passou pelo crivo da Procuradoria Geral do Estado", disse o coronel.

Nesse novo mundo de monitoramento constante, onde os dados de todos são capturados sem necessidade de autorização, uma questão importante é sobre o destino dessas informações.

Segundo o Coronel Mauro Fliess, essa é uma realidade já presente no dia a dia da população. "Hoje é uma rotina nossa passar por milhares de câmeras em todo momento. Não é uma novidade”.

"Foi muito legal fazer um teste durante o carnaval, uma época do ano onde a exigência é grande. É um momento que você utiliza o sistema a exaustão. Agora vamos fazer esses novos testes durante a vida normal. Assim vamos ter a certeza que o sistema funciona em grandes eventos, funciona no dia a dia e ai sim vamos pensar como aplicar e fazer isso funcionar em larga escala", disse o porta voz da PM.

Disfarces podem atrapalhar a identificação

 

Uma reportagem exibida pelo Fantástico mostrou que o equipamento de reconhecimento facial pode falhar. Em um dos testes realizados com o sistema instalado na Bahia, o repórter Murilo Salviano conseguiu montar um disfarce capaz de iludir as câmeras.

Na ocasião, foram feitos três testes práticos. Na primeira tentativa, o equipamento reconheceu o "suspeito" utilizando um óculos. Na segunda vez, uma peruca e um óculos escuros não impediram que as câmeras identificassem o procurado rapidamente. Contudo, no terceiro teste, uma maquiagem mais forte, uma peruca real e um óculos deixaram o sistema confuso.

O repórter foi identificado, mas junto com a sua imagem, outras pessoas parecidas com ele também foram apontadas pelo equipamento. Segundo o Coronel Fliess, "a possibilidade de erro é claro que existe, mas essas falhas podem ser contornadas se os policiais que operam o mecanismo estiverem preparados para perceber possíveis problemas”.

 

 
 

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