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Dia do índio

Em homenagem ao dia do índio

CANÇÃO DO TAMOIO

De: Antonio Gonçalves Dias

 

 Não chores, meu filho;

Não chores, que a vida

É luta renhida: Viver é lutar.

A vida é combate, Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos Só pode exaltar.

 

 Um dia vivemos! O homem que é forte

Não teme da morte; Só teme fugir;

No arco que entesa Tem certa uma presa,

Quer seja tapuia, Condor ou tapir.

 

 O forte, o cobarde Seus feitos inveja

De o ver na peleja Garboso e feroz;

E os tímidos velhos Nos graves concelhos,

Curvadas as frontes, Escutam-lhe a voz!

 

 Domina, se vive; Se morre, descansa

Dos seus na lembrança, Na voz do porvir.

Não cures da vida! Sê bravo, sê forte!

Não fujas da morte, Que a morte há de vir!

 E pois que és meu filho, Meus brios reveste;

Tamoio nasceste, Valente serás.

Sê duro guerreiro, Robusto, fragueiro,

Brasão dos tamoios Na guerra e na paz.

 

Teu grito de guerra Retumbe aos ouvidos

D'imigos transidos Por vil comoção;

E tremam d'ouvi-lo Pior que o sibilo

Das setas ligeiras, Pior que o trovão.

 

 E a mão nessas tabas, Querendo calados

Os filhos criados Na lei do terror;

Teu nome lhes diga, Que a gente inimiga

Talvez não escute Sem pranto, sem dor!

 

 Porém se a fortuna, Traindo teus passos,

Te arroja nos laços Do inimigo falaz!

Na última hora Teus feitos memora,

Tranqüilo nos gestos, Impávido, audaz.

 

 E cai como o tronco Do raio tocado,

Partido, rojado Por larga extensão;

Assim morre o forte! No passo da morte

Triunfa, conquista Mais alto brasão.

 

 As armas ensaia, Penetra na vida:

Pesada ou querida, Viver é lutar.

Se o duro combate Os fracos abate,

Aos fortes, aos bravos, Só pode exaltar. 

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