A modelo e bailarina faz parte do movimento das pessoas gordas contra o preconceito, que lutam para que corpos fora do padrão estético sejam aceitos socialmente.

Há alguns anos podemos acompanhar mudanças em algumas discussões na internet. Se antes era aceitável você dizer que “o lugar de uma mulher era na cozinha”, hoje sabemos que esta fala é carregada de ideias ultrapassadas e limitantes, afinal, mulheres podem ser grandes potências fora do lar, como acadêmicas e profissionais.

Outro tópico onde vemos essa mudança de perspectiva é nas questões estéticas. Passamos décadas acostumados a tentar nos enquadrar em um manequim e aparência específicos, mas nos últimos anos, vemos crescendo um movimento com grande força nas redes sociais para que comecemos a aceitar os corpos em que vivemos.

Esta discussão abarca todas as pessoas, homens e mulheres, de todas as idades. Embora algumas mudanças demorem para se estabelecer, hoje vemos mais mulheres tendo a confiança de assumirem seus cabelos brancos e marcas da idade e homens que se sentem mais livres para expressar seu estilo.

Neste espectro de aceitação, existem as pessoas gordas e aqueles que lutam para que suas vivências sejam menos marcadas pelos aspectos negativos da sociedade. Os participantes dessa luta buscam o empoderamento de seus corpos, para que possam viver sem o julgamento alheio sobre seus corpos e com mais acessibilidade; afinal, a gordofobia vai além de ofensas verbais, ela também pode ser observada quando alguém não pode frequentar lugares pois as cadeiras do estabelecimento não suportam seu peso ou quando a busca por vestuário é árdua e limitada, com poucas lojas atendendo ao seu tamanho. Estes indivíduos buscam uma forma mais plena de viver em sociedade.

2 O padrao de beleza e ser feliz Thais Carla posa de biquini com orgulho

Direitos autorais: Reprodução Instagram / @thaiscarla

No Brasil, uma das potências que temos nessa discussão é a modelo e bailarina Thais Carla. Há tempos que ela encanta a internet com seu charme, palavras fortes e certeiras, trabalhando para empoderar cada vez mais mulheres gordas com sua representatividade.

Thais ganhou fama ao compor o corpo de balé da cantora Anitta até 2019, quando deixou o trabalho para se mudar para a Bahia. Ela continuou dançando e causando com suas postagens, sempre muito engajadas com a questão do movimento body positive, uma iniciativa muito forte nas redes sociais que visa ajudar as pessoas aceitarem e amarem seus corpos fora do padrão estético.

A bailarina coloca suas palavras em prática ao posar com biquíni em suas redes, ignorando as críticas sobre “não ter um corpo de biquíni”. Em uma publicação em parceria com a ex-BBB Rízia Cerqueira, que também é uma mulher gorda, as duas aparecem com biquínis de fita, aproveitando do o dia de sol para colocar o bronzeado em dia. A profissional que ajudou as duas, Jaqueline Martins, comentou na publicação, dizendo que “o padrão de beleza é ser feliz”.

3 O padrao de beleza e ser feliz Thais Carla posa de biquini com orgulho

Direitos autorais: Reprodução Instagram / @thaiscarla

Em qualquer publicação de Thais podemos ver vários comentários de pessoas a agradecendo, pois suas ações e palavras teriam os ajudado a se aceitar mais no corpo que tem. A bailarina tem uma legião de admiradores, mas já sofreu com a falta de respeito de outras figuras públicas na sua carreira.

Thais moveu uma ação contra o humorista Leonardo Lins, acusando-o de gordofobia, em 2021. De acordo com informações do G1, o humorista produziu conteúdos feitos como uma resposta para alguns vídeos de Thais em suas redes sociais. Lins, no entanto, fez a sua produção com insinuações ofensivas e gordofóbicas.

O caso foi julgado pela 8ª Vara Cível do Sistema de Juizados Especiais da Comarca de Salvador e o humorista foi condenado a pagar R$ 5 mil por danos morais. Não houve como recorrer.

Em suas redes, Thais comemorou a vitória na época. Ela declarou que seu caso seria simbólico para várias outras pessoas gordas, pois era a primeira vez que um juiz deferia diretamente a condenação por violação de gordofobia em primeira instância.