Os fãs acreditam que essa seja uma das maiores disputas latinas dos últimos anos, tendo outros episódios de embate ao longo dos anos.

O racismo e o preconceito têm sido cada vez mais censurados em qualquer forma de expressão cultural, mas o caminho até que não existam mais manifestações preconceituosas ainda é longo. Em várias composições, obras de arte e até mesmo em peças, a quantidade de símbolos que remetem ao passado escravocrata é enaltecida, mesmo que de maneira indireta, por alguns artistas.

As redes sociais, nos últimos anos, marcaram uma relação diferente entre os famosos e seus fãs, aproximando mais os artistas dos anônimos, banindo a distância de outrora. Encontrar falhas e conseguir um canal direto e rápido para apontá-las aos membros da classe artística têm sido cada vez mais explorados pelos usuários.

O caso do cantor colombiano de reggaeton J Balvin, que lançou o clipe da música “Perra”, em que mulheres negras aparecem vestidas de animais, usando coleiras, abalou o público. Nas redes sociais, inúmeros foram os usuários — famosos e anônimos — que apontaram um crime por parte do artista.

O cantor porto-riquenho Residente, em resposta ao clipe de J Balvin, lançou uma música de 8 minutos atacando o artista. Segundo reportagem do El País, essa música marca mais um capítulo na longa disputa entre os artistas internacionalmente famosos. Enquanto Residente ganhou 31 prêmios “Grammy Latino” como artista solo e com a antiga banda Calle 13, J Balvin ganhou cinco prêmios.

A música chamada “Sésion 49” foi divida em três capítulos. O primeiro, “Em algum lugar de La Mancha”; o segundo, “Minhas armas são minhas letras”; e o terceiro, “O cavaleiro dos espelhos”. Fazendo referência a Dom Quixote e a J Balvin, ele canta que não “crê nas estrelas das plataformas digitais / nem em seu prêmio Billboard”, falando sobre o “Billboard Music Awards”.

Na segunda parte, o cantor de 44 anos fala sobre a música pop mainstream e a cultura das celebridades, dizendo “esses idiotas cantam até com o microfone desligado” e “uma coisa é ser artista, outra é ser famoso”. Mas é na terceira parte que o embate começa verdadeiramente.

Residente é convidado na canção, por uma voz, a falar o que pensa do cantor colombiano. Em um primeiro momento, ele recusa, mas apenas por alguns segundos. Logo em seguida, ele lança mão de uma quantidade absurda de insultos contra J Balvin. O porto-riquenho defende que o cantor está completamente descolado da realidade do mundo, acusando-o ainda de dissimulação.

O racismo não é apenas insinuado por Residente, ele faz questão de falar abertamente em vários trechos, acusando J Balvin de ser racista e nem sequer saber. Em outro trecho, fala que o colombiano “com o cabelo tingido” coloca “correntes de cachorro em volta do pescoço de mulheres negras”, fazendo referência totalmente ao clipe “Perra”.

3 Colocou mulheres negras com correntes de cachorro do pescoco J Balvin e acusado de racismo em clipe

Segundo reportagem do El País, Residente e J Balvin começaram uma discussão pública no ano passado por conta de um boicote que queriam fazer à premiação do “Grammy”, afirmando que os artistas não eram valorizados em sua categoria. O porto-riquenho criticou a postura do colombiano, que se tinha decidido pelo boicote no ano seguinte, em que fora indicado em 13 categorias. Desde então, os dois trocam farpas publicamente, falando de contextos pertinentes à atualidade.

4 Colocou mulheres negras com correntes de cachorro do pescoco J Balvin e acusado de racismo em clipe

Assim que lançou a música, Residente fez questão de explicar que ela seria a “coisa menos importante” que as pessoas ouviriam naquele dia, principalmente porque uma guerra tinha estourado na Ucrânia.